19 de janeiro de 2012

.

Quando quero escrever e as palavras ficam presas no nó da garganta, esse é o sinal. É assim que eu sei, é quando se torna inegável. É quando olho pra dentro e vejo a velha luta: lá vêm as vísceras querendo enforcar o cérebro.  O problema não é decidir o que quero. O problema é que o que cada parte de mim quer coincida. O problema é ter que se apoiar num passado podre. E passado não é só anos atrás, passado também é semana passada. E estava tudo tão bem... sabe? Aquele bem exagerado que é prenuncio de que o que dói estava por vir. Ou ressurgir. “São tempos modernos, isso é normal”. Mentira. Faço parecer fácil, mas não é. Reciprocidade, nesses tempos modernos, é luxo. Grito e choro e esperneio e digo que não mereço. Bom seria se viver tivesse algo a ver com merecimento. Bom seria se as pessoas tivessem pra dar o mesmo que nós. Fidelidade de intenção. Fidelidade de quando não tem ninguém olhando. Não sai da cabeça, não sai do pulso, não sai do peito, não sai da lágrima que se esconde na água que vem do chuveiro. É pra fingir que não viu. É pra fazer de conta que é normal. Então temos um problema de afinidade, porque normal eu não sou.

5 comentários:

Marcolino disse...

pois pode saber que vai ser justamente a afinidade que vai acabar te salvando. sempre.

misssilpati disse...

vc e sua capacidade de transcrever o que gostaria de gritar se a falta de coragem permitisse. a senhorita esta` na listinha de pessoas q me inpiram a muito e sou grata por isso. sempre bom ler seus pensamentos :))

Even, a Will disse...

é, Marcolino. No fim é isso mesmo: afinidade.


Sil, ai, morro de vergonha. Ainda mais vindo de ti...

Inspiração disse...

Compreendo perfeitamente!!!

Anônimo disse...

Oi? Lembrei de voce e entrei aqui para ver se voce vai bem. Pelo que vejo, continuo a acreditar no que sempre acreditei... Vai ficar tudo bem com voce. Um abraço... Outro Will.