7 de julho de 2011

Sobre descobertas, brigas e o átomo

Quando descobrir quem sou, terei mudado. Na verdade, estou sempre um passo atrás. É: só descubro o que fui. Me reinvento a cada espelho quebrado. Da cor das unhas à cor da alma, tem sido assim desde sempre. Talvez, e somente talvez, descobrir esse pavor de amadurecer tenha desprendido algumas amarras. Se bem que não, tsc tsc, não descobri sozinha. Foi uma das tramas do espelho (conhece a estória? a de que não é irônico que justo o nosso rosto, a primeira coisa que alguém olha em você, não seja visível aos seus olhos? Pra saber o que todos vêem em você é preciso o reflexo, um espelho. Quanto mais próxima a nós uma pessoa seja, mas nítida a imagem que ela te mostra).

Fato é que, olhando reflexos ou enfiando a mão num pote cheio de mim, um átomo de conhecimento chegou. Quem sabe esteja só de passagem, mas se estiver, é uma daquelas visitas inesperadas que chegam de madrugada e derrubam paredes. Tudo tem parecido tão otimista e desesperador... aliás, é bem possivel que o meu desespero divida o quarto com meu otimismo (tímido e bipolar, no meio das quatro luzes com fones de ouvido, sempre evitando as músicas altas que o desespero gosta de ouvir até tarde). No meu mundo real - aquele que não se vê - do lado de lá do ringue do otimismo certamente não está o pessimismo... não, o meu pessimismo é declarado, é implicante, gosta de provocar, de se mostrar. Derrotaria o otimismo por WO, quantas vezes fossem necessárias. Por isso o oponente (é, não o oposto, aqui é o mundo real: opostos não existem) é o desespero. Os dois ficam acordados até tarde, mas não importa o quanto o otimismo seja persistente, o desespero é melhor alimentado. Agora mesmo, os dois estão aqui no quarto principal. Talvez quando o átomo for embora, eles façam as pazes.

 E existe algo mais contrário à esperança do que o des-espero? Existe.

Um comentário:

Lara disse...

bom te ver por aqui de novo.