7 de junho de 2010

Sobre a Cachos.

Desde (mais) menina soube que seria pecadora. Sempre soube que pecaria a vida toda pelo excesso, o pai daqueles sete famosos. Soube também que não abriria mão disso e pagaria todos os preços pra poder continuar pecando. Escolheu seus extremos e escolheu-os em excesso. Sempre foi quieta em excesso, sensível em excesso, leal em excesso, autentica em excesso, corajosa em excesso, ciumenta em excesso, simples em excesso e todos os opostos disso e de todo o resto que é, diz ou pensa ser. É ser contraditória em excesso.

A razão nunca falou mais alto, a impulsividade foi sempre um vício (bem como a espontaneidade planejada). A realidade foi por várias vezes apenas num detalhe com o qual lidar num universo bem maior, o seu universo. Lhe foi dada a capacidade de criar, destruir e recriar qualquer coisa dentro dela, e desse direito não abriu mão. E não digo que todas as criações foram países de maravilhas, muito deles são sombrios, são ringues, são cordas bambas. Dentro deles existem coisas bem maiores que ela própria, são criaturas que tomam as rédeas.

(aliás, dela pra deus existe essa diferença... ele sabe organizar suas criações e deixá-las menores que ele. Por isso ele é Ele e ela é ela, certamente. Sem medo de heresia, embora a idéia de morrer numa fogueira lhe pareça tentadora...)

Nunca foi questão vital aprender a se equilibrar sobre o muro, mesmo que tenha feito isso algumas vezes... por excesso de preguiça. Sempre fez tempestade em gota d'água e saiu de encontro a furacões como se fossem orvalho. Os conselhos sempre lhe serviram como forma de identificar quem poderia caminhar a seu lado, nunca significaram algo além disso.

Não aprendeu essa dinâmica de se diminuir, de a cada tempestade deixar mais guardado algo de si, de acreditar menos nas pessoas a cada desilusão, de ser menos a cada desencontro, de lutar com menos força a cada derrota, de se acomodar mais com coisas mornas por ter se queimado ou congelado, de se encantar menos após cada desencanto. Tentaram lhe ensinar que não se deve brigar por causas alheias, que dar a cara a tapa nem sempre é a melhor opção. Falaram que ser do contra não pode ser regra geral, que orgulho é pecado e raiva é feio. Tem uma palheta de sentimentos e sensações que ela espera ser inesgotável.
Insistem muitas vezes pra que ela 'se solte', isso porque não sabem que ela se comporta assim exatamente por estar solta demais... solta pra dentro, solta pro que não se vê.

Aprendeu a brincar com os nunca e os sempre sabendo que os nunca sempre são falhos e os sempre nunca são reais. Acima de tudo, decidiu a autenticidade como seu maior vício e a emoção como seu guia. Segue vivendo perdida em seus labirintos sob a luz de suas paixões e consequencias, deixando de lado a inocência que pressupunha não haver reações também extremas às suas escolhas.

E se existe outro jeito eu prefiro assim.

Um comentário:

Anônimo disse...

É não buscar ser imbátivel, inatingível. Pelo contrário. É ter o conhecimento de dói. E só por saber que dói, ter mais orgulho de ser.

E saber os gozos e desgraças de ser o que é.

E ainda assim, preferir desse jeito.


Não é que não aprende nunca.
É que já sabe demais...