17 de junho de 2007

Ora deusa, quando brilha absoluta nos bailes exibindo sua suposta perfeição. Ora fantasma, quando caminha lentamente nos jardins atrás do salão vestida de branco, envolvida pelos sonhos e pelo orvalho, com os pés descalços firmes na grama e o espírito pairando em algum reino distante. Como em toda sua vida, acompanhada por gnomos malignos e anjos de asas invisíveis. Banhada pela prata da lua e os perfumes mais puros de lirios e rosas.
Sua alma clama por compreensão enquanto princesas e gueixas invejam sua vivacidade. As lágrimas sempre presentes nos sorrisos.
Amanhã seria o dia de mais 'filosofias de botequim, regadas de bom humor' e vinho branco. Talvez não estivesse lá quando todos chegassem. Estava cansada de criar teorias para a vida. Talvez se disfarçasse de camponesa e saísse pelas montanhas.
Seus olhos inconscientemente marejados voltaram-se para as luzes que saíam da festa quebrando a harmonia entre a lua e a terra molhada. A umidade que vinha do lago percorreu seu corpo causando calafrios. Voltou da magia de sentir a alma livre, estava presa, presa a ela mesma. Queria apenas que alguém a olhasse através do ouro.
Voltou ao baile com os pés barreados sob o vestido longo.
Não era perfeita. Mas era rainha.

Um comentário:

- disse...

-
Toda vez que leio algo seu, sinto aquele desejo insistente de saber no que você está pensando...
Na tua escrita, o talento dos grandes é palpável. Vejo nuances de outros nomes - Lispector, Meireles - e vejo teu próprio rosto por trás de tudo isso.