10 de junho de 2007

Era uma vez...
Uma bruxa, feia, bem feia.
Tinha olhos caídos e uma boca sempre numa curva brava.
Sua pele era sem vida, assim como suas tardes.
Todas as sextas feiras à noite preparava suas poções na cozinha.
Algo de mágico realmente devia haver nelas,
pois causava nas pessoas um efeito alucinógeno e a fazia se sentir bela.
Sua caverna era extremamente fria nos dias de inverno,
era onde ela se libertava,
onde entrava em transe e esquecia da falta de ter carinho.
Com o tempo ela foi aprendendo que não era justo
se martirizar tanto por não ser princesa.
Foi percebendo que as princesas nunca são aquilo que aparentam,
enquanto as bruxas são sempre o mais reais possíveis.
Que as princesas são marionetes.
E que os príncipes podem se apaixonar pelas princesas,
mas são pelas bruxas que eles enlouquecem.
Então ela desistiu de fazer poções do amor e da juventude,
pois descobriu que elas já haviam sido feitas a muito tempo atrás,
e estão dentro de cada criatura esperando apenas serem despertadas.
Fez de suas tardes vivas e vibrantes. O que se refletiu no seu rosto.
E notou que o que acontecia na sua cozinha não tinha nada a ver com magia, não,
na verdade tinha sim, com a magia de se doar totalmente a algo.
E não foi feliz para sempre. Foi viva. Dona de seu destino, tantas vezes
alegre, outras tantas triste. Até o dia da sua morte.

Só mais um conto de Bruxas...

Um comentário:

- disse...

-
"Dona de seu destino, tantas vezes
alegre, outras tantas triste. Até o dia da sua morte."

é o que toda princesinha sonha.
é o que toda bruxa merece.
é a limiar entre quem vê uma princesa e quem a julga uma bruxa.